23/04/2024

Viver de Aparências: uma introdução ao Tratado da Natureza Humana

Instituo Estudos do Presente

É difícil imaginar uma experiência mais gratificante do que a imersão na obra de David Hume, em especial em seu Tratado da Natureza Humana. A deriva é de enfant terrible. Ele é como Rimbaud na poesia, Mozart na música, espelhável em filosofia só por La Boétie. A filosofia é assunto de idosos, Hume constrange os adultos à festa com perguntas constrangedoras sobre suas crenças. Como se não bastasse, trás debaixo do braço, antes dos trinta anos completados, este que será o maior fôlego do ensaio na história da filosofia moderna. Os inconvenientes da sua vida, como não ter obtido a sonhada cátedra universitária, decorre do modo como se portou na juventude e nos presenteia com incomum independência. A filosofia de língua inglesa se apropriou de Hume, por razões óbvias, inibindo os comentários à sua obra. Apesar de escrever no idioma pensa muito pouco como os ingleses do passado e do presente. Ele é escocês em um tempo em que sê-lo é ser muito menos inglês do que é hoje. Nem por isso ele é provinciano. A família que escolheu é de céticos como Pierre Bayle e Montaigne. Neste, quero enfatizar o modo como a racionalidade própria ao ensaio está presente mesmo para lidar com a causalidade na epistemologia. O Tratado é um vasto ensaio satiricamente nomeado de tratado em um tempo em que a palavra ensaio começa a ser usada para dizer qualquer coisa, maldição da qual nunca se viu livre. O de Hume é ao mesmo tempo sobre vida comum e sobre a presença da abstração nela. A minha intenção é mostrar essa obra, o Tratado da Natureza Humana, no que antecipa da sensibilidade entre imagem e crença, no que são animadas por paixões e no que instruem a moralidade e explicam o porquê de sua intrusão nos distanciar da simpatia.

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