Anpof emite nota em defesa da vacinação

18/01/2021 • Notas e Comunicados

A segunda onda da COVID-19 chegou forte ao Brasil deixando um rastro de mortes principalmente em Manaus. Com extrema preocupação assistimos ao despreparo do Estado na organização do controle da pandemia. Estamos diante de um caos da saúde e caminhando para um verdadeiro genocidio. Não se trata mais da necropolitica cotidiana na qual os mortos pelas forças de segurança são encarados como meros números estatísticos, agora o próprio Estado Nacional, cujo mandatário tem como dever resguardar a segurança e a vida de seus cidadãos, parece nos ameaçar com a morte. Sim, afirmar que a vacina não é obrigatória é um gesto inaceitável, assim como duvidar da sua eficácia, em vista do longo e elaborado processo de teste por institutos de pesquisa respeitados. Um ministro da saúde que defende o uso de uma medicação sem comprovação científica de eficácia, não aprovado pela OMS, e age com total despreparo na organização do atendimento a um estado cujo sistema de saúde está em colapso por falta de oxigênio, não merece o cargo que ocupa. Insistir que uma medicação não autorizada pelos organismos internacionais de saúde pode salvar vidas é uma afronta à ciência e medicina nacionais.

A realização da prova do ENEM dentro desse quadro é um ato de total irresponsabilidade. O governo neste momento deveria estar concentrando todos os esforços na vacinação e não é o que está ocorrendo. Ao que parece, no lento andar da inação do governo, seremos os últimos a nos vacinarmos no continente americano. Essa lentidão reflete uma política genocida que banaliza a gravidade da doença provocada pelo vírus da COVID-19. A desobediência civil no não uso das máscaras e no não cumprimento do distanciamento social reflete a sensação de impunidade e descaso com que a pandemia está sendo tratada pelo poder público. Não podemos assistir impávidos à morte de mais 200 mil brasileiros! A população e, neste momento, especialmente os jovens precisam entender o compromisso social e coletivo que temos em manter o protocolo de distanciamento social, uso de máscara e não aglomeração.

É muito importante que o Conselho Federal de Medicina e demais entidades ligadas à área de saúde se pronunciem dentro de suas especialidades e ajam como órgãos que defendem o interesse público com a saúde da população. Qual é afinal o dia D e a hora H em que começará a vacinação nacional do governo Federal?

ANPOF - Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia