Enciclopédia Audiovisual de Filosofia da Anpof lança verbete sobre Feminismos

02/04/2021 • Notícias ANPOF

Neste mês de março, a nossa enciclopédia audiovisual de Filosofia lança o verbete "Feminismos", feito pela profa. Dra. Izilda Johanson (Unifesp).
Assista aqui.

Feminismo diz respeito, antes de tudo, a modos de inserção de indivíduos, de pessoas, ou de um agrupamento de pessoas, no mundo, isto é, na vida e na prática social nas quais esses indivíduos, essas pessoas, concretamente existem. Feminismo tem a ver, portanto, com o que caracteriza e identifica ações e pensamentos; tem a ver com modos de se posicionar frente ao conhecimento e à ação prática - isto é, de se posicionar politicamente - e de interferir, de maneira consciente e deliberada, na realidade concreta em que se vive.

Posicionamentos e práticas feministas pressupõem a constituição de uma consciência - que, já sabemos, não nasce pronta na mente das pessoas, mas precisa ser sempre aprendida e cultivada - de que a sociedade em que vivemos e aquela na qual agimos e visamos interferir pertence a um conjunto de sociedades ma is ou menos diversas, no entanto, profundamente marcadas por desigualdades e assimetrias de poder, principais fontes de violência social em geral e de gênero em particular, as quais, por sua vez, são frutos de opressões de toda sorte (de gênero, de raça, de orientação sexual, de classe, de origem social, geográfica, cultura) as quais, por princípio e de fato, causam muitos sofrimentos a muitos e muitos, e para que muitos poucos possam viver sua vida o melhor possível.

Há feminismos que atuam sob a consideração de que as diversas opressões podem ser pensadas e entendidas destacadamente umas das outras, que acreditam que é possível e viável combater um tipo de opressão, particularmente a de gênero, sem necessariamente se envolver nas demais. Há feminismos, bem ao contrário desses, que pensam e entendem que as opressões não existem de modo independente umas das outras, mas de modo entrelaçado e que sua força e eficácia advém justamente desse entrelaçamento; assim como a luta pela libertação em relação a essas opressões, ou seja, a luta por um mundo mais igualitário e com justiça social, parte também do reconhecimento de que é impossível atacar uma frente de opressão - por exemplo, o sexismo e o machismo - sem que as demais (o ra cismo, o colonialismo, a heteronormatividade, a cisnormatividade, entre outras) o sejam também, e conjuntamente.

Começamos, assim, a responder por que o mais apropriado quando pensamos ou falamos de feminismo é fazê-lo no plural, em termos de feminismos. Porque os modos de conhecer, de agir, de interferir e de pensar o mundo concreto, ainda que dentro de um mesmo ponto de vista feminista, podem ser múltiplos e diversos; assim como podem e geralmente são diversos os entendimentos acerca das práticas consideradas libertárias e libertadoras que visem à igualdade entre todos, todas e todes.

Izilda Johanson é doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), onde também concluiu mestrado e graduação. Seu trabalho de pesquisa concentra-se na área de filosofia francesa contemporânea, com ênfase na filosofia bergsoniana e temas relacionados ao vital, à criação, à subjetividade, e também às questões de gênero e os estudos feministas. É professora associada do curso e do programa de pós-graduação de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Acesse aqui o lattes.

Enciclopedia Audiovisual de Filosofia da Anpof
Ficha técnica:

Coordenação editorial: Susana de Castro  (presidente da Anpof 2020/2021), Érico Andrade (diretor de comunicação da Anpof 2020/2021) e Nádia Junqueira (assessora de comunicação da Anpof)
Produção e edição de texto: Nádia Junqueira
Edição de vídeo: Produtora Sputnik 360